segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O tom vermelho que pinta as bochechas

Carlos. 23 anos. A acabar o curso. Ainda não sabe o que quer.

Apaixonou-se há uns anos mas estava tão entretido com a parte académica da sua vida que não percebeu o que ia na cabeça dela...
A noite já estava fria, não havia uma única estrela no céu e o rádio não preenchia aquele vazio que ele sentia sem saber porquê... O telefone tocou.

- Precisamos de falar. Podes vir ter comigo?
- Estou cansado... Talvez amanhã, sim?
- Não. Não quero mais assim! É melhor não nos vermos por uns tempos...
- Quanto tempo?
- O que for preciso para te esquecer.

A noite ficou mais fria, o céu mais escuro, o rádio continuava incapaz de lhe preencher a alma.

It's amazing how you can speak right to my heart/ Without saying a word you can light up the dark/.../

A música dela... A música que ela adora mas a faz corar quando o admite, aquele tom vermelho que lhe pinta as bochechas nos momentos mais engraçados e especiais, como pintou na primeira vez que permitiu que ele lhe desapertasse uns botões da blusa para melhor beijar o seu pescoço os seus ombros... Parou o carro e chorou.
...
Está a chover... Já é meio dia e a Andreia continua a dormir. Ele já não a ama mas não quer ficar sem ela... Pega no telemóvel e marca aquele número. Fica imóvel a olhar para o ecrã enquanto o seu pensamento voa.

- O que estás a fazer?
- Nada, estava só a ver as horas...
- Preciso de tomar um banho e mudar de roupa, levas-me a casa?

Ele queria que a Andreia fosse um bocadinho mais compreensiva, que exigisse um bocadinho menos, que fosse um bocadinho mais independente, que... que... não fosse ela.
O Carlos ainda não se apercebeu que o seu coração chama outro nome... Telefona-lhe todas as noites; às vezes desabafa, outras fala sobre tudo e sobre nada e outras é só para dizer boa noite... No entanto, ainda não percebeu por que ainda o faz em segredo, o que está errado na história... Ainda não percebeu o que realmente quer.

Enfim, inspirações que vêm sem mais nem menos... Que nos dominam os dedos e resistem às técnicas de purificação de proteínas para se renederem a uma folha branca com letras vindas do coração...
Isso ou ando a ouvir conversas alheias quando vou comprar água.

*x*

2 comentários:

Selenyum disse...

Boa ideia, gostei!
Podias desenvolver um bocado mais ;)

Anónimo disse...

Já que ninguém comenta comento eu!
Tá mto bem escrito me...Realismo trágico :P
bj...*

 
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